segunda-feira, 7 de junho de 2010

marcada.

E não tinha um porque, e quase nunca tem mesmo, a verdade é que eu já estava cansada daquela dança ridícula. Aquele lugar fechado e espelhado por todos os lados, refletia a minha imagem, por qualquer direção em que eu olhasse.
E toda vez em que eu encontrava meus olhos no reflexo do espelho uma grande culpa me invadia e eu não conseguia encarar a mim mesma.
Entre o plié e o coupé e todos aqueles giros, a chuva caia e o barulho das gotas batendo no telhado impediam a melodia de se sobressair .
E minha mente retrocedia, para aquele dia, não muito distante de hoje em que a culpa me atingiu e me marcou pela primeira vez.
Tanto tempo perdido que agora não voltava, sem pensar, eu sai correndo da sala de ballet, senti a chuva caindo sobre mim e eu corri, corri como nunca havia corrido antes, e as lagrimas escorriam dos meus olhos.
Só quando parei percebi onde estava indo e eu tremia; tremia de frio, minhas sapatilhas me apertavam e o tule da minha sai já estava todo rasgado, desmanchado.E foi então que eu vi, e a saudade do que eu não conhecia doeu tanto que me fez cair de joelhos ao lado de sua lapide, e eu chorava, chorava pelo tempo perdido, chorava porque eu sabia que agora, mesmo se eu quisesse, mesmo se eu conseguisse, eu não poderia conhecê-lo como eu deveria, e ele também não me conheceria como eu gostaria, qualquer coisa que á dois dias atrás ele pudesse ser, agora ele não podia mais, e o que ele não foi, simplesmente ficou pra trás.
Eu tentei lembrar dos bons momentos ao seu lado, mas minhas memórias foram insignificantes eu não poderia recordar do que não vivi, então fechei meus olhos e deitei sob seu epitáfio e imaginei; imaginei todas aquelas coisas das quais eu não podia me lembrar e eu dormi.Uma mão tocando os meus braços que me tirou do meu devaneio, era minha mãe, e ela parecia desesperada, não por estar perto da lapide do homem que á dois dias atrás havia deixado o mundo, o homem que ela há muito tempo atrás fora casada, separada, ela parecia desesperada porque ela sabia que ele havia saído anos atrás das nossas vidas e que agora isso era uma coisa que nem o tempo podia concertar, só podia amenizar e fazer esquecer.

E foi quando eu me marquei pela segunda vez e percebi que tudo acaba e que o tempo, o tempo não cura nada, ele só tira a dor e a tristeza de foco, quanto mais tempo passa mais guardado a coisa fica, mas ela nunca vai embora, vai estar sempre lá, e toda vez em que o tempo falhar e você se lembrar daquilo que já passou, você vai sentir, e vai doer como se não tivesse passado tempo algum.


Maria Luisa

18 pessoas não ficaram caladas:

Fabiano disse...

profundo o que escreveu.
as vezes algumas situações nos marcam para o resto da vida, tanto pelo lado bom quanto pelo lado o ruim. o importante é aproveitar essas marcar para crescermos na vida.
parabéns pelo blog.
abraços.
fabiano

http://blog-do-faibis.blogspot.com/

Eduardo Andrade disse...

PARABÉNS, conseguiu passar o que sentiu em palavras, eu sei que não é possivel passar realmente o que sentiu, mas foi intenso !

:D

http://preludiopostumo.blogspot.com/

Unknown disse...

Achei atual e interessante..
Um texto com profundidade a cada linha!
Adorei!
;D

Aline Rojas disse...

Uma bailarina infeliz! Adorei seu texto.
Enquanto à seu blog que foi roubado, não liga não, inveja é de matar mesmo!

Continue sempre inspirada, alegrando ainda mais os dias de seus leitores.

Bjos =D

Kah Inacio disse...

eu amei o texto , você escreve muito bem , *---*, profundo




http://www.blogescolhas.tk/

Unknown disse...

Bem fato. O tempo não pode apagar da sua memória alguma coisa, ou alguma pessoa que você quer apagar. Ele apenas vai tirar do centro da sua atenção. Amei o texto, escreve muito bem :)

O Judeu Ateu disse...

Profundo.......bem escrito(pra quem gosta do genero).

Eu não sou tão fã assim desse tipode texto, mas que está bem escrito está.

Alex Vitor disse...

noOssa.. eu viajei na história...
muitO bom... e triste também... concerteza o tempo naum cura.. apenas ameniza a dor.
Parabéns pelo blog, poucos contem conteúdo de verdade como o seu... Gostei muitO.
BjO

Éder disse...

situações que ficam guardadas durante mto tempo...talvez nunca sejam esquecidas...o tempo não cura, e digo mais...acho que não ameniza a dor, e a torna mais pesada...belo texto, bem profudo mesmo!

Anônimo disse...

Nossa! muito bom e atual ...
profundo tbm ...

Anônimo disse...

Oi Maria.
Passando para agradecer pelo belo comentário que você deixou no meu blog, achei muito critico, uma coisa que falta em muitos blogueiros por ai, que só querem receber comentários em troca.
Mais gostei mesmo do seu comentário, por isso entre outros motivos vou seguir o Utopia, pretendo voltar mais vezes. Beijos

Dan Oliveira disse...

Nossa, Go pro!
Realmente tem uma certa incoerência em "o tempo cura"...

Unknown disse...

Já comentei aqui..
vou noutro post!

Arthur Germano disse...

é beeeeem confuso, mas re-lendo eu entenderei, hahahaha . é basicamente um texto sobre liberdade. gostei

http://www.arthurmontinely.blogspot.com

Arthur Germano disse...

aahhh... vou te seguir, beijão!

Unknown disse...

Q lindo... bem escrito e gostoso de ler!

Gente TV disse...

Adorei! Me levou em uma grande viagem em acontecimentos da minha vida :)

Unknown disse...

eeita Mariia :O muitoo bom, cada dia você ta melhor ainda! eu consegui imagirmar cada parte doque vc escreveu, muito lindo! beeijos te amo.

Postar um comentário

Eu quero que você comente porque leu o que escrevi, não so pra aumentar meu numero de comentarios afinal,
eu acredito na sua capacidade de LER e avaliar um texto e dar sua verdadeira opnião ;)

 
Copyright 2009 ★ UTOPIA. Powered by Blogger
Blogger Templates created by Deluxe Templates
Wordpress by Wpthemescreator
Blogger Showcase