quinta-feira, 24 de junho de 2010

Eu via você

Era eu mesmo logo ali, de baixo dos meus pés.
Era o meu reflexo que eu via no gelo que brilhava sob mim.
Era o que eu via, era tudo o que eu via.
E eu sentia o vento em meus cabelos e em meu rosto como se fosse soprado pelo gelo.


Eu rodava de braços abertos, rodava e tudo que minha vista alcançava se misturava .
Eu podia ouvir as laminas dos patins raspando no chão, e ouvia também o som do meu coração; descompasso.
Minha respiração ofegava e o meu coração acelerava,
e foi assim, tentando esquecer que eu me lembrei, do som que meu coração fazia ao seu lado, sempre acelerado, aventurado.
Pensando assim em você que eu me perdi, desconcentrei, meus pés escorregaram.
Quando você entrou na minha cabeça, tirou-me o equilíbrio;
quando entrou em meu coração, tirou-me a razão.
e eu cai, cai em você, cai de mim;

Não era eu mesma logo ali, de baixo dos meus pés,
Era um reflexo perdido, que eu via no gelo que brilhava sob mim.
Mas não era só o que eu via, não era tudo o que eu via ...
eu via você, e sentia o vento em meus cabelos e em meu rosto como se fosse soprado pelo gelo em que eu me sentava e me deixava sonhar.

Maria Luisa

sábado, 19 de junho de 2010

Plastificado

Futilidade, materialismo, tudo uma ninharia.
Você não é só corpo e matéria, você é energia; ou deveria.
cabelo, roupa, dinheiro, sapato, festas, corpo, imagem.
cadê seus pensamentos, medos, alegrias e defeitos ? É falta de coragem.
sua calça um pouco apertada, sua camisa engomada, modinha ajustada.
Tentando ser diferente, não percebe que ser diferente é normal, e que no final, ta todo mundo igual.
se achando o gatão, todo gostosão, isso é pretensão pura presunção, ou melhor, falta de noção..
e o que realmente importa, fica esquecido, mal compreendido.
quando você morrer, e sim, isso vai acontecer, mesmo sem você querer.
seu corpo vai apodrecer, sua imagem vai desfalecer, sua roupa não vai mais importar, e o que você vai deixar ?
Desculpa, mas não é minha culpa é só que eu não vejo nenhuma bravura nessa fissura.


você segue a moda, você faz moda você é a moda.
in, cool, fashion, high, (you just want to shine.)
e tem gente que não ta se importando, não ta nem ligando, (ta é cagando e andando(y)).
conceito plastificado, de um costume sem valor.
mundo material, em que a roupa que você usa vale mais do que o seu interior.

Maria Luisa

segunda-feira, 7 de junho de 2010

marcada.

E não tinha um porque, e quase nunca tem mesmo, a verdade é que eu já estava cansada daquela dança ridícula. Aquele lugar fechado e espelhado por todos os lados, refletia a minha imagem, por qualquer direção em que eu olhasse.
E toda vez em que eu encontrava meus olhos no reflexo do espelho uma grande culpa me invadia e eu não conseguia encarar a mim mesma.
Entre o plié e o coupé e todos aqueles giros, a chuva caia e o barulho das gotas batendo no telhado impediam a melodia de se sobressair .
E minha mente retrocedia, para aquele dia, não muito distante de hoje em que a culpa me atingiu e me marcou pela primeira vez.
Tanto tempo perdido que agora não voltava, sem pensar, eu sai correndo da sala de ballet, senti a chuva caindo sobre mim e eu corri, corri como nunca havia corrido antes, e as lagrimas escorriam dos meus olhos.
Só quando parei percebi onde estava indo e eu tremia; tremia de frio, minhas sapatilhas me apertavam e o tule da minha sai já estava todo rasgado, desmanchado.E foi então que eu vi, e a saudade do que eu não conhecia doeu tanto que me fez cair de joelhos ao lado de sua lapide, e eu chorava, chorava pelo tempo perdido, chorava porque eu sabia que agora, mesmo se eu quisesse, mesmo se eu conseguisse, eu não poderia conhecê-lo como eu deveria, e ele também não me conheceria como eu gostaria, qualquer coisa que á dois dias atrás ele pudesse ser, agora ele não podia mais, e o que ele não foi, simplesmente ficou pra trás.
Eu tentei lembrar dos bons momentos ao seu lado, mas minhas memórias foram insignificantes eu não poderia recordar do que não vivi, então fechei meus olhos e deitei sob seu epitáfio e imaginei; imaginei todas aquelas coisas das quais eu não podia me lembrar e eu dormi.Uma mão tocando os meus braços que me tirou do meu devaneio, era minha mãe, e ela parecia desesperada, não por estar perto da lapide do homem que á dois dias atrás havia deixado o mundo, o homem que ela há muito tempo atrás fora casada, separada, ela parecia desesperada porque ela sabia que ele havia saído anos atrás das nossas vidas e que agora isso era uma coisa que nem o tempo podia concertar, só podia amenizar e fazer esquecer.

E foi quando eu me marquei pela segunda vez e percebi que tudo acaba e que o tempo, o tempo não cura nada, ele só tira a dor e a tristeza de foco, quanto mais tempo passa mais guardado a coisa fica, mas ela nunca vai embora, vai estar sempre lá, e toda vez em que o tempo falhar e você se lembrar daquilo que já passou, você vai sentir, e vai doer como se não tivesse passado tempo algum.


Maria Luisa

domingo, 6 de junho de 2010

A vida nos lábios


-Eu adoro ser sua amiga, depois a gente se fala.

Foi isso o que ela me disse antes de ir embora e logo depois me beijou no rosto.
Eu acho que minha vida é assim mesmo, as pessoas sempre acabam indo embora, de alguma forma.
Ela não sabia o quanto significava para mim, e talvez ela nunca saberá, talvez eu não pudesse lhe contar a verdade porque a verdade nunca me pertencera de fato.
Eu não gosto muito de dramatizar as coisas, a vida é como ela tem que ser. Infelizmente.
Caminhei de volta para casa imaginando que ela estava ao meu lado, caminhando junto comigo, eu sempre fazia isso, como tantas outras coisas que eu sempre faço. Coisas idiotas, parece que essa é a minha especialidade.
Eu tenho 19 anos e nenhuma história pra contar,ou melhor, eu tenho 19 anos e nenhuma história que eu tenho é boa pra se contar.
Mas uma coisa de fato eu posso lhe falar, sabe o que destrói você ?Quando você procura amor nos olhos de alguém e tudo que encontra é amizade.
Eu poderia pegar outras pessoas, ficar com outras garotas e talvez quando eu procurasse nos olhos dessas outras eu encontraria amor também, mas eu não quero outras.
De todas as meninas que eu nunca tive, ela é a que eu mais quero.
Eu nunca tive alguém ou alguma coisa por completo e eu nunca tinha me importado com isso, pelo simples fato de que eu nunca tinha me importado com nada, com nada ate começar a me importar com ela.

Eu as vezes me pergunto o que ela tem que me faz querê-la tanto, mas eu me pergunto como o idiota que eu sou porque eu já sei o que ela tem.
Ela tem luz,
ela tem alma,
ela tem 17 anos e a vida nos lábios, lábios que nunca serão meus.


Maria Luisa
 
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